14 de mai. de 2015

Sua carga está pesada?


Feriado prolongado, graças a Deus vamos sair da rotina. É muito bom ter parentes no interior. Comidinha caipira no fogão de lenha, água pura da colina, e verdura fresquinha da horta. Dois dias sem pensar em cheque, e sem ser obrigado a comprar aquele pão horrível da padaria, que murcha e vira borracha depois de duas horas. Adeus despertador. Adeus telefone, adeus televisão. Adeus Whatsapp... Enfim, olhei pelo retrovisor e vi Guarulhos ficando para trás. Rodamos alguns poucos quilômetros e já respirávamos o ar puro das montanhas, quanto alguém gritou no meu ouvido: - Pára! Pára! ­Parei. Parei, meio surdo e hipnotizado pelo grito. Pressionei o freio e joguei o carro para o acostamento. 
- Que foi, tá com enjoo? Quem quer vomitar?
- Não, Zezinho. Presta mais atenção. Olha ‘pa’ frente. ‘Tá’ tudo parado. Você fica vendo montanhas e não vê o caminhão.

Voltei para a estrada. O trânsito era lento nos dois sentidos. Depois de muito tempo nos aproximamos do local do acidente. Nossa! Com certeza, era aquilo o que chamam de carga pesada. O que impedia o tráfego não era o fortuito e sim a curiosidade. Nenhum ferido naquela situação hilária. Um caminhão, que provavelmente estava rodando com a carga mal colocada, numa subida, deslizou a carga para o final da carroceria despejando metade dos engradados no asfalto e ficando com a cabina suspensa no ar. Quase todas as galinhas tinham escapado e cacarejavam ciscando no acostamento, ou cruzavam tranquilamente a rodovia se embrenhando no mato. O motorista cansado de esperar socorro, parecia alheio àquela situação, e do alto da sua cabine, olhava com indiferença seus curiosos espectadores, e com sua grande boca amarela, chupava uma manga de fiapo. Mas, o que mais me chamou a atenção foi a eficiência no atendimento aos usuários das estradas. Não sei como e nem de onde vieram, porque não havia nenhuma cidade, nem vilarejo, nem casa por perto. Mas eu vi dois garotos com aquelas caixas de isopor e numa delas estava escrito com pincel atômico: água mineral, suco, refrigerante e “delivery”. Perguntei sobre o “delivery” e eles me responderam que nunca tinham vendido um “delivery” e que só o pai deles sabia o preço. Continuamos a viagem e como sempre quem não dirige, dorme. E eu acordado fui pensando: porque aquela carga caiu? Provavelmente foi mal colocada. E a nossa carga? Já pensou se ela também caísse e tivéssemos que ficar desesperançados com a boca amarela, chupando manga? Aquele nosso passeio, aquele fim de semana era na verdade para nos livrarmos do estresse, e esquecermos o peso da nossa carga. Será essa a forma correta de nos aliviarmos do nosso jugo? O sorriso, a esperança, o alivio, a salvação por acaso está no fim de semana no campo ou na praia? Será que há muito peso em nossos ombros, tal que não possamos suportar? 

"Vinde a mim, todos os que andais em sofrimento e vos achais sobrecarregados, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para as vossas almas. Porque meu jugo é suave e o meu fardo é leve" (Mateus 11, 28 a 30). 

Esta citação eu acho uma das mais lindas de toda a bíblia. Jesus nos convida a irmos para Ele. Este é o fim de semana que pode durar para sempre. Ele é o ar puro, que precisamos respirar todos os dias. Ele é a verdadeira água saldável da montanha. Só nele poderemos ser aliviados, porque Ele já colocou sobre os próprios ombros a nossa carga. É nele que depositaremos todos os nossos problemas, o cheque e aquele pão borracha difícil de engolir. Ele é alivio para todas as dores. Para ir até Ele não precisamos encher nosso porta malas, podemos ir de mãos vazias e Ele nos tornará plenos e suficientes. Vá até Ele apenas com a humildade e com o coração. Vá até o altar, até o sacrário e alí descarregue. O frete da volta é compensador. O frete da volta é o alívio, a carga da volta é o amor. Confie e deixe ele dirigir seu caminhão.