Devo pedir perdão
aos fã-clubes?
(Primeira parte)
Se ‘alguma coisa’ deste mundo é mais fundamental do que Deus para sua
felicidade e para que você encontre significado ou alegria em sua vida, então
‘essa coisa” se tornou um ídolo para você, algo que suplantou Deus em seu
coração e em suas afeições.
Nós, brasileiros, somos patriotas? Não é
difícil responder a esta pergunta. Quando a seleção joga, nós somos. Nos
confrontos com a polícia dentro ou fora dos estádios, não. Quando saímos às
ruas para exigir nossos direitos, nós somos. Quando escondemos nossos rostos e
quebramos tudo, não somos. É difícil sermos patriotas quando descobrimos que os
heróis da nossa pátria não são tão heróis. Tanto os do passado quanto os
atuais, na grande maioria, foram fabricados por manipuladores da comunicação.
A quem interessaria
contar que o Duque de Caxias não fora herói, e que a Guerra do Paraguai foi a
mais devastadora da América do Sul aniquilando com este citado país. A quem
interessaria saber que Dom Pedro I montava na verdade uma mula e só
deu o grito de independência porque estava cheio das pressões que o pai
fazia para que ele voltasse para Portugal.
A quem interessaria narrar que a república teve início em um golpe covarde baseado
em uma mentira sórdida que se tornaram as bases de nosso atual sistema de
governo. A quem interessaria dizer que Tiradentes serviu no exército como alferes, portanto
ele não poderia ter os cabelos e a barba longos, no máximo um bigode, e que
enquanto esteve na prisão era comum os presos terem as cabeças raspadas ou
cabelos curtos e a barba feita. Torná-lo parecido com Jesus foi um propósito
maquiavélico para fazer dele mártir e herói.
A mídia atual traz o hedonismo que
semeia no coração dos jovens “o querer sem limites, a qualquer custo”. Os
comunicadores com seus aparatos sedutores movimentam as emoções das pessoas,
fazendo com que criem identificações com seus ídolos, criando comportamentos,
assim como novas formas de ser, de pensar, de conhecer o mundo e se relacionar
com a vida. O sujeito tende a almejar ser parecido com determinadas pessoas que
a mídia idealiza, em seus meios de comunicação, desfilando uma cruel ostentação
para os telespectadores, fazendo dos ídolos uma imagem desejada, para uma
população que muitas vezes desconhece a
realidade em que vive e se aliena com o que lhe é proposto.
A mídia é autoritária, impõe modelos e padrões ao sujeito
e priva-o de uma escolha. As imposições midiáticas acabam por gerar um profundo
mal-estar no jovem, que é obrigado ou a aderir o que lhe for imposto para se
sentir parte da sociedade, ou a negar as imposições e se sujeitar a viver fora
de um grupo social. - (Thiago Heine dos
Santos)
Desculpe, mas até hoje não me caiu a
ficha. Até hoje não entendi. Porque idolatram John Lennon, Elis Regina, Cazuza,
Bob Marley, Che Guevara? Que Deus os tenha em bom lugar.
Devo pedir perdão
aos fãs-clubes?
(Segunda parte)
"Tudo me é
permitido", mas nem tudo convém. "Tudo me é permitido", mas eu
não deixarei que nada domine. (Apóstolo Paulo, 1 Coríntios 6:12) Tudo posso,
tudo quero, mas eu devo? Quero mas não posso. Até posso se burlar as regras;
mas eu devo?
Ética é o conjunto de
valores e princípios que usamos para definir as três grandes questões da vida: QUERO,
DEVO, POSSO. Tem coisas que eu quero, mas não posso. Tem coisas que eu
posso, mas não devo. Tem coisas que eu devo, mas não quero. Só teremos paz de
espírito quando aquilo que queremos é o que podemos e é o que devemos.
(Cortella, 2009 – Itália)
As ‘celebridades’ que vou
mencionar são representativos e todos tiveram valor em suas áreas de trabalho,
mas só como registro, Elis Regina morreu vítima de overdose de cocaína e
álcool. Renato Russo e Cazuza morreram vítimas de complicações causadas pelo
HIV. Chorão do grupo Charlie Brown Jr. morreu de overdose de cocaína. Cássia
Eller morreu devido a uma parada cardiorrespiratória, causada por overdose.
Os ídolos atuais da
ostentação de carros importados, alguns com preço acima de milhão, os ídolos da
ostentação de correntes e medalhões de ouro no pescoço, nada passam que
enalteça a alma dos jovens; parece que apenas querem dizer: eu tenho e você não
tem. E, se quiser ter igual, já que você não é cantor, nem ator, nem jogador,
então “corra trás”, “se vire nos trinta” Vale tudo não quer dizer trabalhar,
vale qualquer caminho; e vocês sabem quais são. São estes os ídolos
que aplaudimos. São-nos exemplos de quê?
Em três anos, o número de meninos envolvidos com o tráfico em
Florianópolis cresceu 3.200%. Uma
das iscas utilizadas pelos chefes das bocas de fumo é a criação de bondes de
funk ostentação com patrocínio de bailes para atrair a garotada iludida com a
possibilidade de se vestir como as grifes da classe A: Nike, Shox, Tommy
Hilfiger, Oakley.
(http://ndonline.com.br/florianopolis/noticias/115638-funk-ostentacao-e-a-isca-para-menores-ingressarem-no-trafico-de-drogas-em-florianopolis.html.)
A mídia é cristofóbica e por isso temos
uma carência enorme de ídolos verdadeiros. Temos carência de cobras hasteadas
em paus em nossos quintais, como fizera Moisés. Temos falta de espelhos. Temos
falta de norte. Os ídolos que a mídia produz são puramente comerciais. Estes
ídolos, vivos ou mortos, vendem biografias, vendem shows, vendem ‘cds’, vendem
espetáculos, vendem moda e horários nos meios de comunicação. Vendem de tudo e
não nos compra esperança. Os pincéis que pintam estes ídolos não precisam ter a
cor da ética. Os cinzéis que os lapidam não precisam talhar em nome da moral.
Estes ídolos servem apenas para nos mostrar
o caminho que não devemos seguir, os erros que não devemos cometer, os
fracassos que com Deus podemos superar, e mostrar o que não devemos ser. A
mídia madrasta cria os ídolos e também os sugam até a morte. Daí para frente
quem tenta eternizá-los é a família.
Ídolos geram lucros, então a vaidade faz
com que familiares se desdobrem e façam o impossível para que a fonte não seque
repentinamente. De imediato, contratam alguém para construir uma enaltecedora
biografia; é o reflexo do medo dos lucros cessantes. Para que seus nomes sejam
lembrados com carga de emoção humanitária os associam às ‘Ongs’ e fundações
beneficentes. Na verdade, só devemos nos curvar para um ídolo. Um ídolo que não
vende nada. Um ídolo que não faz show de fé. Um ídolo que cria a paz. Um ídolo
que se dá por inteiro. Um ídolo que morreu de overdose... de amor.