E as vacas?
As vacas, empoleiradas nas estreitas trilhas
da encosta verde, suave da montanha,
balançam os penduricalhos das gargantilhas,
enquanto cada uma a grama abocanha.
Alheias aos motores dos caminhões na rodovia,
ruminam cabisbaixas sonhos e pensamentos.
Calmas, complacentes, indiferentes ao dia,
justificam suas vidas com frágeis argumentos.
J. Thamiel
Imortais
Não me livro desta utópica
esperança
de encontrar o que ainda
não perdi.
Não me liberto da serena
arrogância
que foi fácil, sem dor pra
conseguir.
Virtudes coleciono em toda
minha vida,
Meus defeitos eu descarto
quando quero.
Sou quase bom, quase
honesto nesta lida.
Em tudo que faço de
funesto, sou sincero.
Distribuo, por aí, conselhos
e sorrisos.
Não importo se não pedem,
se não querem.
Sou normal, e somente por
fé evangelizo,
e avalio a doutrina que me
propuserem.
Numa passagem transversal
do tempo,
o ser total é que me
ensina, e me faz ver
que pós barreira astral no
firmamento,
todos vivemos para nunca
mais morrer.
A morte foi vencida, da
cruz, lá no portal.
Não deixaremos a vida,
basta apenas crer
que temos junto a nós uma
parte imortal.
Não morremos, as coisas sim
deixam de ser.
J. Thamiel
Anjos
da luz
Voaremos
pelo céu,
alados,
em nuvens claras,
exalando
perfumes ao léu
de
orquídeas e rosas raras.
Seremos
seguidos por anjos,
mensageiros
do divino,
que
repicando seus banjos
entoam
sagrado hino.
Seguiremos
flutuantes
rumo
a paz da eternidade.
E,
com sons inebriantes
louvaremos
a deidade.
J. Thamiel
Vitória
Minha dor nesta vida fez
caminho,
e meus pés perseguiram as
jornadas
do futuro, que escapava de
mansinho,
não deixando para mim suas
pegadas.
Os meus olhos não mais viam
o final.
Em meu íntimo eu só tinha a
sensação
que a batalha, tão de alma
e corporal,
era um punhal me ferindo o
coração.
Não podia ser mais forte do
que quem
aprendeu que pra vencer
precisa amar
as pedras e espinhos da sua
trajetória.
Mas, toda vida é muito
bela, até além
do que quem sofre consegue
imaginar.
A felicidade sempre vem com
a vitória.
J. Thamiel
Destino
Raspei com as unhas os
túneis do passado
onde dormi o sono letárgico
da indecência
me embriaguei em dores, me
senti instado
a rolar a nudez na calçada
da inocência.
Percorri chorando as
alamedas do destino.
Procurando um lugar de paz
pra recostar
a cabeça dolorida e o meu
corpo franzino,
pra de novo com vida o
caminho retomar.
O labirinto andado muita
coisa me escondeu.
A vida não me foi mãe, não
me livrou da dor.
Nada me ensinou, meu
coração não aqueceu,
por isso a angústia vai
comigo aonde eu for.
Como era triste, como
pesava a minha alma
banhada em sofrimento,
agonia e muita dor.
Mas, mesmo assim, por ti
mantive a calma
porque sempre confiei em ti
, ó meu Senhor.
J. Thamiel
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