“Kai me methuskesthe oino, em ho
estin asotia, alla plerousthe em peneumati”. - “E não
vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito” (Efésios 5:18)
Jovens embriagados, dá dó! Ainda bem que
o assunto não é com você. Você pode até dizer que eu já falei sobre este tema. Tema,
então! Porque o assunto é sério; e sérios e mais severos deveriam ser os pais
atuais. É verdade. O assunto é o mesmo porque o problema continua o mesmo.
Sextas-feiras e sábados de madrugada eu vejo, com olhos tristes, jovens,
meninos e meninas, naquela fase de encontro de personalidade, perambulando
pelas ruas, embriagados, com latinhas de cerveja nas mãos, retornando para
casa, das baladas. Embalados pelo álcool, desconexos travam a língua em uma
linguagem monossilábica e surreal que só eles entendem. Entendem apenas que
querem ser felizes. Felizes da maneira,
talvez a única, que conhecem. Conhecem a lei que proíbe os jovens de comparar
bebidas alcoólicas, mas alguém, um adulto ou mesmo os pais fazem isso por eles.
Eles, os jovens pagam o preço por isso. Por isso, é que estamos pasmos. Pasmos
por saber que de todas a leis ignoradas no Brasil, a que proíbe a venda de
bebidas a menores é a mais descumprida com mais naturalidade. Naturalidade não
há nas drogas e o álcool é droga. Droga é legal para os jovens, encantadora,
sensacional, socializante, divertida, barata e acessível. Acessível a todos,
mas poucos jovens querem dar crédito é a pesquisa feita em 5 capitais mostrando que
adolescentes que tentam comprar bebidas alcoólicas têm sucesso em, pelo menos,
70% das vezes. Há jovens que bebem por divertimento, mas como podem chamar de
divertimentos às bebedeiras, às noitadas, aos
bailes, e todas as variadas desonestidades, com e sem máscara? “Não são divertimentos, clama S. João Crisóstomo, mas sim pecados e delitos”. E
assim diz S. Jerónimo: “Aquilo
que alguém deseja, se o venera, é para ele um deus. Vício no coração é o mesmo
que ídolo no altar”. Muitos já estão dependentes, viciados e os pais não sabem.
Os jovens bebem pelas mesmas razões que
os adultos. A diferença é que enquanto os adultos responsáveis podem controlar
o seu consumo, por experiência e porque a maturidade aumenta a capacidade de
autoconhecimento e autocontrole, os jovens não conseguem avaliar corretamente os
perigos e podem se prejudicar seriamente. Mas porque, os adultos vividos,
experientes e preocupados não conseguem controlar seus filhos? Talvez porque
eles acreditam que dizer o que deve ser feito, ou dizer o que é certo equivale
a educar. Educar é ser exemplo e não mostrar o correto de forma distante. Não
conseguem porque, talvez, também se embriagam. Porque, talvez, estejam vazios.
Não devemos nunca estar vazios. Não podemos estar inertes. A vida é atividade
plena. Nosso estômago deve estar preenchido. Nosso tempo deve estar preenchido.
Nossa mente deve estar preenchida. Nunca podemos estar vazios de
espiritualidade. Se estivermos, os vícios e as tentações do mundo encontram um
terreno sombrio e ansioso por ser preenchido. Todo nosso ser deve ser preenchido.