Um
dia eu entrei na igreja e, como muitos
fazem, fui até o Santíssimo para as minhas orações. Ao passar em frente à
imagem do nosso padroeiro percebi alguma coisa estranha. São Judas pareceu-me
triste. Chateado? Espantado? Não sei. Mas, enquanto agradecia e pedia sua
proteção, notei que estava com um de seus dedos de gesso engessado. Foi aí que ele me falou. Disse que esta
comunidade, sob sua responsabilidade, é linda, devota, piedosa, e que seu
trabalho é muito gratificante. Confidenciou-me que agradece a Deus por ser
patrono deste Santuário; que encaminha a Deus, prazerosamente, todos os pedidos
que a ele são confiados. E, fez uma recomendação: ele respeita todo gesto
piedoso, não se importa, até entende que é uma demonstração carinhosa de fé,
mas não é preciso ficar esfregando as mãos em seus pés e beijando. Faz cócegas
e não é muito higiênico. Um dia, com certeza, irá devolver todos os beijos.
Também me falou que genuflexão, é um ato de adoração reservada somente ao
Santíssimo e à Santa Cruz no “período
que vai da Sexta-Feira Santa até o início da Vigília Pascal”. Somente
adoramos a Deus. Aos santos, às pessoas, e aos símbolos, apenas reverenciamos,
e o correto é a inclinação simples, de cabeça. A genuflexão é um ato solene de
adoração. Exige concentração e fé, com a cabeça abaixada ou o olhar dirigido ao
Santíssimo. Não pode ser feita de
qualquer forma. Dobra-se o joelho
direito, suavemente até tocar o chão e se ergue suavemente. Não é isto que
se tem visto. Não se pode fazer a genuflexão sorrindo e cumprimentando os
amigos. Não se pode genuflectir-se preocupado, procurando lugar para se sentar;
essa genuflexão se chama “cheguei”.
Não se pode fazer aquela genuflexão chamada “ameaço”, isto é, dobra-se o joelho até a metade e... “vupt!” se
ergue rapidamente. E, tem aquela genuflexão “espanta santo”. É aquela que é feita apressadamente dobrando-se o
joelho até a metade e, enquanto se levanta, faz-se um ameaço de “sinal da cruz”
mal espalhado na cara, como se estivesse espantando mosquito. Foi essa aí! Foi
essa aí, disse São Judas. O fiel veio até mim vagarosamente, piedoso e
contrito. Mas, quando chegou bem pertinho ele fez um “espanta santo” muito
rápido. Eu me assustei. Perdi o equilíbrio e para não cair, tentei segurar na
coluna, e quebrei o gesso, digo, o dedo. Não doeu, e o devoto está perdoado.
Mas, eu estou te contando para que você escreva isto no jornal SANCTUARIUM.
Assim, eu penso que as pessoas irão prestar mais atenção a este ato litúrgico
importante e irão fazê-lo com mais devoção e perfeição. Amém?