Quem
não se lembra, de quando criança, de suas travessuras? Recordo muitas coisas:
pegava, escondido, os doces da geladeira; fingia que estava com dor de barriga
para não ir à escola; atirava pedras no telhado do vizinho; deixava dinheiro na
calçada para puxar a linha quando alguém abaixasse para pegar; e... jogava sal
na lesma. Quem não tem vontade de viajar no tempo e ser criança outra vez? É a
melhor fase da vida. A fase do descobrimento, a fase da inocência. Não havia
maldade. O fato de não haver maldade, de não haver conhecimento determina a
inocência.
Ah,
as crianças! O Senhor Jesus disse que “das tais é o reino dos céus” (Mt 19. 14), o que nos leva a
compreender que Ele assim afirmou tendo em vista que a criança pura, inocente,
não tem, ainda a maldade no coração, onde só há espaço para o amor, o carinho,
a amizade, o bem, o perdão, e a convivência pacífica com todos.
Mas,
existe hoje, entre nós, uma força maligna, sorrateira, difícil de ser
determinada, com um único objetivo: proibir que as crianças “joguem sal na
lesma”, isto é, destruir a inocência. Vou citar apenas um exemplo, entre
muitos. Todos já ouvimos falar das mensagens subliminares, mas o que estou
mostrando é algo mais contundente, mais presente, mais visível. Há algum tempo
foi lançado um desenho animado, que os pais adoram; mas é um destruidor de
inocência. É um herói verde, maldoso, mal cheiroso, que mora em um pântano, ao
lado de uma fossa. Seu nome é Shrek. Comporta-se de modo grosseiro. Expele gases
de modo vulgar e barulhento. Odeia os personagens dos contos de fada, como
Branca de Neve, Pinóquio, Chapeuzinho Vermelho e outros. Seu fiel companheiro é
um asno neurótico, que usa uma linguagem de baixo calão. Este herói verde, que
se comporta de modo estúpido e vive num ambiente imundo, é o oposto do que
apresentam as histórias infantis, que formam o caráter com propostas boas e
edificantes. O criador do desenho já afirmou que quer acabar com o encanto das
historinhas infantis. O criador do personagem confessa o propósito de subverter
tudo, e é ali na alma da criança, que ele planta a sua maldade. Estes são os
iconoclastas do nosso tempo. Planejam derrubar o que consideram mitos
ultrapassados e os substituem por imundícies que perturbam, confundem e poluem a
mente e os corações ainda inocentes. Na terra de Jesus, a criança era o
símbolo dos pequenos, fracos e humildes. As crianças eram amadas por Jesus e
segundo os evangelhos são os primeiros destinatários do céu (Mt 18,1-9; Lc
6,20-21). Jesus é forte e incisivo ao defendê-las: “Quem escandalizar um destes pequeninos que
acreditam em mim, melhor seria para ele, pendurar uma pedra de moinho ao
pescoço e ser jogado no fundo do mar. Ai do mundo por causa dos escândalos!”
(Mt 18,6-7; Lc 17,12). É oportuna a pergunta: Como
estamos zelando por nossas crianças?