30 de mar. de 2012


Sabe onde o Judas 
perdeu as botas?

Já me mandaram para muitos lugares, lógico que não fui, mas para onde o “Judas perdeu as botas”, eu nem imagino como chegar lá. Já perguntei para um monte de judeu. Não achei nos mapas. Não achei no Google. Meu GPS não conseguiu traçar a rota. Perguntei no Posto Ipiranga, e ninguém sabia.
A Bíblia diz que Ele jogou então no templo as moedas de prata, saiu e foi enforcar-se” (Mt 27, 5).  Observamos que esta citação demonstra um arrependimento paradoxal, pois o remorso o induz a outro erro, que é o suicídio. A citação fala das moedas e não menciona as botas, mas não foi difícil relacionar uma coisa com outra. Os sacerdotes, sabemos que,  apanharam as moedas para comprar o Campo do Oleiro como Jeremias havia previsto. Judas foi encontrado, por alguns judeus, pendurado ou arrebentado no precipício... sem as botas. Estes imaginaram que as moedas poderiam estar escondidas dentro delas, e saíram à procura das mesmas. Onde estarão essas benditas botas?
 

Diz uma lenda que Judas, antes de morrer, tentou se esconder em uma pequena cidade ao Norte de Belém. Lá, conheceu o C.C.V. (Comando Cristo Vive) cujos integrantes não gostaram de saber que ele havia ajudado a crucificar o Messias. Judas, então, fugiu. Os militantes do C.C.V. seguiram as pegadas de suas botas por muitos quilômetros através do Oriente Médio. Quando Judas percebeu isto, livrou-se delas... Mas isto é apenas mais uma lenda que encontrei.
A verdade é que Judas as deve ter perdido em algum lugar. É esta a idéia que a expressão nos dá. Penso que você nunca deva ir ao seu deserto apenas em busca das botas ou do dinheiro, que possivelmente esteja dentro delas. O deserto a que me refiro não é uma situação material, mas uma realidade espiritual para a qual Deus quer nos atrair para um encontro com Ele. O deserto é obra de Deus, e é para onde Ele conduz os seus eleitos (Os 2,16). O Povo de Deus viveu momentos maravilhosos no deserto, mesmo consciente de que este sempre representou uma luta.

Muitos foram os personagens bíblicos que passaram pela experiência de Deus no deserto: Elias viveu o temor e a frustração no deserto; Moisés passou 40 anos acreditando que tinha sido abandonado em sua trajetória como libertador; Jó viveu, na carne, a experiência de se sentir esquecido. O próprio Jesus se retirava ao deserto para falar com Deus. Na nossa caminhada cristã, podemos ter também a sensação de abandono. Podemos, como Judas, perder o gosto pela vida. Estes sintomas podem nos indicar que devemos adentrar ao deserto. Aquele deserto dentro de nós mesmos. Adentrar não para procurar botas, mas com um objetivo sadio. Adentrar amparados na oração, à procura de Deus e de nós mesmos. O deserto é lugar de encontro, de reencontro, de recomeço. O deserto é lugar para avaliar e vencer as tentações. É a oportunidade de lermos a nossa consciência, nos perdoarmos e pedir perdão. É lugar de tomada de atitudes. Na solidão do nosso deserto interior, o nosso coração de pedra pode se transformar em coração de carne. O vosso coração de pedra se converterá em novo, novo coração. O nosso coração fechado pode se abrir e perceber a dor de nossos irmãos e se entregar em doação. O deserto é lugar de vitória.
(Jthamiel) 
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