10 de jan. de 2012

Em 2012
você vai
cair do cavalo

De repente o sinal fechou. Os cavalos estacaram bruscamente. A luz era tão forte que não dava para saber se estava no vermelho ou no amarelo. Provavelmente era branca, alva, translúcida, divina. Ele tinha a visão ofuscada e não enxergou mais nada! Errado. Foi a partir daí que ele começou a enxergar melhor. Na verdade não havia semáforo e, quem sabe, nem cavalos...

Alguns estudiosos nos mostram que os evangelhos não mencionam a palavra “cavalo” e sim que ele viu e ouviu a voz de Jesus; e literalmente caiu ao chão, logo, pode não ter caído do cavalo.

Mas, alguns historiadores afirmam que a jornada até Damasco era longa e não poderiam fazê-la a pé. Então, para não desagradar ninguém vamos dizer que Saulo seguia para Damasco, respirando uma sede assassina contra os discípulos do Senhor, e com ordens do sumo sacerdote para levar acorrentados à Jerusalém quaisquer discípulos que encontrasse.  E, foi aí que “a casa caiu”:

“Saulo, Saulo, por que me persegues?” Ele disse: “Quem és, Senhor?” Ele disse: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Não obstante, levanta-te e entra na cidade, e ser-te-á dito o que tens de fazer.” Ora, os homens que viajavam com ele ficaram parados sem fala, ouvindo, deveras, o som duma voz, mas não observando nenhum homem. Saulo, porém, levantou-se do chão, e, embora se lhe abrissem os olhos, não via nada. De modo que o levaram pela mão e o conduziram a Damasco. E ele não viu nada, por três dias, e não comeu nem bebeu.

Muita coisa deve ter passado, neste momento, na mente de Saulo: suas propriedades, sua família, seus escravos, seus amigos patrícios, sua invejável posição social. Lembrou-se das festas regadas a vinho, dos banhos nas termas de Caracala, dos aplausos quando passava sob o Arco de Constantino trazendo acorrentados os cristãos prisioneiros. Foi neste instante, caído ao chão, que ele sentiu uma voz poderosa, incisiva como um punhal que lhe tocava fundo no coração. Foi neste instante que Saulo mudou sua identidade, ou “a casa caiu”, ou foi aí que “a ficha caiu”.
E, nós? Quando vamos cair do cavalo? Por muitas vezes, caminhamos com a certeza de que estamos corretos, e nos esquecemos de nossas imperfeições, esquecemos de nossos erros e nossas culpas. Tudo o que fazemos de errado tem uma justificativa, é culpa do vizinho, do colega de trabalho ou daquela pessoa que não gosta da gente. Ficamos revestidos de orgulho e de auto-piedade. A própria vida vai se tornando uma forma de acumular certezas, que de uma hora para a outra, podem desmoronar, a máscara literalmente cai e acabamos por ficar desprotegidos. Pode parecer estranho dizer que precisamos de conversão, mas nossa conversão deve ser diária e constante; temos que aprender a sermos mais humildes e fiéis ao Senhor.

Quando você encontrar o Mestre, você vai “cair do cavalo”? A “casa vai cair”? Vai “cair a ficha”? Pense nisso. Eu gostaria de, quando me encontrar com o Senhor, poder dizer: Senhor, eu já estava seguindo os seus passos!
(jthamiel)