30 de mar. de 2012


Você quer 
que tudo 
caia do céu?

Cai chuva do céu cinzento
que não tem razão de ser.
Até o meu pensamento
tem chuva nele a escorrer.

Tenho uma grande tristeza
acrescentada à que sinto.
Quero dizer-ma mas pesa
o quanto comigo minto.

Porque verdadeiramente
não sei se estou triste ou não,
e a chuva cai levemente
dentro do meu coração.
(Fernando Pessoa, datado de 15/11/1930).

Todo mundo sabe que chuva cai do céu. Os meteoritos caem do céu. Granizo, raios, balões, paraquedas, aviões, também infelizmente, caem do céu. Até alimentos caem do céu: “o Manah que caiu do céu e as codornas que vieram pelos céus caiam diante do povo no deserto” (Ex 16); e assim, muitos desprezando as oportunidades deste país em crescimento, levam esta citação muito a sério, e ficam esperando o mundo “acabar em barranco” para dar o último suspiro encostados, sem ter que fazer nenhum esforço. Coisas estranhas também podem cair do céu. 

Anjos e sogras também caem do céu, quando ferem a asa ou quebram a... (bricadeirinha!) 
Sogras não; mas anjos, certamente, cairão do céu: Na verdade, na verdade vos digo que daqui em diante vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem (Jo 1,51). Isto é uma atitude providencial do Pai com relação ao Filho. O Pai magnânimo também nos provê, mas é necessário e providencial não nos atermos às interpretações levianas, pois a letra mata.

Você pode não concordar, mas sinto que vivemos uma situação de inércia, de inatividade em que ficamos olhando de “queixos caídos” as coisas acontecerem, sem fazer nada. Contemplamos parados o avanço da imoralidade, os apelos ao sexo, a disseminação do alcoolismo e das drogas junto aos jovens, os assaltos aos cofres públicos, e “pari passu” percebemos a revolta da natureza vilipendiada se manifestando em catástrofes naturais.  Tal situação deveria nos levar a recorrer, com mais frequência à Providência Divina, não para que o Pai altere os curso natural de seu plano, nem para pedir que nos jogue tudo lá do céu, mas suplicando ao Pai que não olhe para os nossos pecados, mas para a sua insondável misericórdia. Recorrer ao Pai com mais freqüência para pedir que nos perdoe, ainda que tenhamos de sofrer por causa das esperas erradas que alimentamos.
Se esperarmos com fé e sem ansiedade, as bênçãos irão cair do céu. Não em exagero, mas copiosamente. Graciosamente e em resposta às nossas atitudes.  Merecidamente conforme as nossas escolhas. 
(Jthamiel)