7 de mai. de 2014

Sabe que você não passa de uma pedra?


É muito bom estarmos cercados de pajens e aias desde pequeninos. É muito bom recebermos muito carinho e sermos, desde sempre, o centro das atenções. É muito bom quando todos nos dizem sim. Que beleza: o mundo girando em torno de nós e... seja feita a nossa vontade!
Muitos de nós crescemos achando que o que fazemos é sempre o correto. Aquilo que sonhamos é o que deve se realizar. A nossa opinião é sempre a melhor. O que falamos é o que os outros querem ouvir. O que escrevemos é o que os outros devem ler. E, adoramos quando todos nos dizem sim.
Neste início de ano, eu quero dar a todos nós, uma oportunidade de refletir sobre estas coisas. Oportunidade de reflexão semelhante a que eu tive dia desses, quando alguém me disse, solenemente, um não. 
Sabem como eu me senti? Vou ser franco: eu me percebi reduzido às minhas diminutas dimensões. Num primeiro momento eu queria apenas saber o porquê. Porque fui cortado, porque não fui consultado, porque isso, porque aquilo. Num segundo momento eu me senti um diamante. Isso mesmo. Um brilhante, uma pedra que acabava de ser cortada, agredida, facetada, lixada, polida. Lapidada por alguém que dava importância a uma pequena e simples pedra ofuscada pela vaidade e que, com certeza, queria que ela se revelasse com mais intensidade o seu brilho. Se toda pedra brilha é porque alguém brutalmente a arrancou das entranhas onde ela nasceu. Toda pedra brilha porque mãos hábeis e carinhosas intencionalmente a feriram.
Hoje é uma boa oportunidade para pararmos e pensarmos o quanto precisamos ser podados, cortados, interrompidos, lapidados?
“Sujeitai-vos, pois, a toda ordenação humana por amor do Senhor; quer ao rei, como superior; quer aos governadores, como por ele enviados para castigo dos malfeitores, e para louvor dos que fazem o bem. Porque assim é a vontade de Deus, que, fazendo bem, tapeis a boca à ignorância dos homens insensatos.” (1Pedro 2.13-15)
Não é uma boa oportunidade para reconhecermos e agradecermos aquelas pessoas que tem realmente a coragem de confrontar-nos e apontar onde, porque, ou como erramos? Quando alguém lhe disser não, lembre-se que “... não há autoridade que não venha de Deus; as autoridades que existem foram por ele estabelecidas. Portanto, aquele que se rebela contra a autoridade está se opondo contra o que Deus instituiu, e aqueles que assim procedem trazem condenação sobre si mesmos”. (Rm 13, 1-2)
É tristemente infeliz a criança cujos pais não souberam dizer não. Infeliz, hoje, o adulto que não consegue aceitar o não, porque o homem é moldado na dicotomia do sim e do não. Quando soubermos aceitar o não, deixaremos de criar adversários e passaremos a reconhecer os verdadeiros amigos. Quando você receber um não, sinta-se um diamante.